Lição 04 - Cuidado com esse nome!



"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão" - Êxodo 20.7

Texto Bíblico Básico - Jeremias 23.16-20, 25-27


Não tomar o nome de Deus em vão



O SANTO NOME DO SENHOR



Embora muitas pessoas acreditem que tomar o nome do Senhor em vão se refira ao uso do nome do Senhor como um palavrão, há muito mais envolvido com o uso inútil do nome de Deus. A fim de entendermos a gravidade de tomar o nome do Senhor em vão, precisamos primeiro estudar o nome do Senhor a partir de Sua perspectiva, conforme descrito nas Escrituras. O Deus de Israel era conhecido por muitos nomes e títulos, mas o conceito incorporado no nome de Deus desempenha um papel importante e único na Bíblia. A natureza e os atributos de Deus, a totalidade de Seu ser e, especialmente, a Sua glória são refletidos em Seu nome (Salmos 8:1). O Salmo 111:9 nos diz que Seu nome é “santo e tremendo”, e a oração do Senhor começa se dirigindo a Deus com a frase “santificado seja o teu nome” (Mateus 6:9), uma indicação de que a reverência a Deus e Seu nome deve estar acima de tudo em nossas orações. Frequentemente, nós nos arrastamos à presença de Deus com presunçosas “listas de afazeres” para Ele, sem estarmos atentos à Sua santidade, à Sua grandeza e ao vasto abismo que separa nossa natureza da dEle. O fato de sermos autorizados a vir diante de Seu trono é devido apenas ao Seu amor misericordioso e gracioso para com os Seus (Hebreus 4:16). Nunca devemos desprezar essa graça divina. Por causa da grandeza do nome de Deus, qualquer uso do Seu nome que traga desonra a Ele ou ao Seu caráter é tomar o Seu nome em vão. O terceiro dos Dez Mandamentos proíbe tomar ou usar o nome do Senhor de maneira irreverente, porque isso indicaria falta de respeito pelo próprio Deus. Uma pessoa que usa mal o nome de Deus não será considerada “inocente” pelo Senhor (Êxodo 20:7). No Antigo Testamento, trazer desonra ao nome de Deus se tratava da falha de realizar um juramento ou voto tomado em Seu nome (Levítico 19:12). O homem que usou o nome de Deus para legitimar seu juramento, e depois quebrou sua promessa, indicaria sua falta de reverência por Deus, bem como a falta de medo de Sua santa retribuição. Era essencialmente o mesmo que negar a existência de Deus. Para os crentes, no entanto, não há necessidade de usar o nome de Deus para legitimar um juramento, pois não devemos fazer juramentos em primeiro lugar, deixando que o nosso "sim seja sim" e "não seja não" (Mateus 5:33-37).

Há um sentido maior em que as pessoas hoje tomam o nome do Senhor em vão. Aqueles que nomeiam o nome de Cristo, que oram em Seu nome e que tomam o Seu nome como parte de sua identidade, mas que deliberadamente e continuamente desobedecem aos Seus mandamentos, estão tomando o Seu nome em vão. Foi dado a Jesus Cristo o nome acima de todos os nomes, ao qual todo joelho se dobrará (Filipenses 2:9-10), e quando assumimos o nome “cristão”, devemos fazê-lo com uma compreensão de tudo o que significa. Se professamos ser cristãos, mas agimos, pensamos e falamos de maneira mundana ou profana, tomamos o Seu nome em vão. Quando apresentamos Cristo erradamente, seja intencionalmente ou por ignorância da fé cristã como proclamada nas Escrituras, tomamos o nome do Senhor em vão. Quando dizemos que O amamos, mas não fazemos o que Ele manda (Lucas 6:46), tomamos o Seu nome em vão e corremos o risco de ouvi-lo dizer para nós: “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim” no dia do julgamento (Mateus 7:21-23). O nome do Senhor é santo, assim como Ele é santo. O nome do Senhor é uma representação de Sua glória, Sua majestade e Sua suprema divindade. Devemos estimar e honrar o Seu nome ao reverenciar e glorificar o próprio Deus. Deixar de fazer isso é tomar o Seu nome em vão.

Na Escritura, o nome de Deus é um meio de ele revelar a si mesmo. Bem no início, em Gênesis 4.26, há uma referência a pessoas invocando o nome do Senhor – não porque Deus lhes houvesse dito o seu nome pactual, mas porque ele falou e revelou a si mesmo. Depois, contudo, Deus de fato tornou o seu nome conhecido. Ele se revelou a Moisés como o grande “EU SOU” (Êxodo 3.14) e declarou haver levantado Faraó para que o seu nome – a revelação da sua justiça e poder – fosse proclamada por toda a terra (Êxodo 9.16). Depois, o templo foi construído “ao nome do SENHOR” (1 Reis 3.2; 8.17) e aquele nome se tornou o objeto da adoração de Israel à medida que eles louvavam o nome de Deus por meio de cânticos (Salmo 69.30; 122.4).
O nome de Deus é tão importante ao ponto de ser solenemente protegido nos Dez Mandamentos por uma proibição de que se tome seu nome em vão (Êxodo 20.7). A violação dessa lei é uma ofensa capital: “Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto” (Levítico 24.16). Levítico cita uma variedade de exemplos do que esse abuso do nome divino inclui: oferecer os filhos a Moloque (18.21), jurar falsamente (19.12), os sacerdotes cortarem as extremidades da barba (21.5-6). Essa grande variedade de violações ao mandamento mostra que tomar o nome do Senhor em vão envolve não apenas falá-lo de modo errado, mas inclui vivê-lo de modo inadequado.
Era o nome do Senhor que deveria ser posto “sobre” o povo de Israel, por meio da bênção araônica (Números 6.24-27). O nome não era apenas um título ou epíteto, mas incluía o caráter e a sublimidade de Deus revelados para a salvação e a santificação do seu povo. Pelo nome de Deus eles são salvos e pelo nome de Deus eles são separados.
Esses temas são evidenciados na vida e na obra de Jesus. Ele veio à terra, por nós e para nossa salvação, em nome do Pai (João 5.43; 10.25). Ele viveu para glorificar o nome de Deus (12.28; 17.4) e para revelá-lo (17.6). Em nome de Deus ele havia preservado o seu povo e naquele mesmo nome eles seriam guardados eternamente (17.11-12). O nome de Deus, posto sobre o seu povo pelo batismo (Mateus 28.19), seria o nome pelo qual o Espírito Santo viria para confortá-los e ouvir-lhes as orações (João 14.26; 16.23). É o nome de Deus que assegura a vida eterna a todos os que creem (20.31).
João Calvino está correto, portanto, ao comentar acerca do terceiro mandamento que “[ele nos ensina] a ser ponderados de alma e língua, para não falarmos do próprio Deus e de seus mistérios senão de modo reverente e muito sóbrio, para que, ao avaliar suas obras, não concebamos senão o que é digno de honra diante d’Ele” (Instituição 2.8.22).[1] Esse senso de honra vinculado ao nome de Deus é o que caracteriza uma vida de santidade e uma adoração genuína. Tanto em nosso serviço como em nossa adoração, devemos pensar nas coisas de Deus com adoração e reverência, sabendo que o fato de Deus haver se revelado a nós pelo nome é, em si mesmo, um imenso ato de graça.
Em seu estudo dos Dez Mandamentos, o famoso puritano Thomas Watson cita doze maneiras pelas quais tomamos o nome de Deus em vão. Entre elas estão: usar o nome de Deus com irreverência; professar o seu nome, mas não viver de acordo com a nossa profissão; adorá-lo externamente, mas não com o coração; usar erroneamente a sua Palavra; descumprir nossas promessas; e falar sem cuidado pela honra divina. É uma análise impressionante, que não pretende controlar as minúcias do nosso comportamento, mas mostrar-nos como o terceiro mandamento permeia o todo da vida.
Ao nomear a si mesmo, Deus não apenas descortina quem ele é, mas o faz de tal modo que possamos conhecê-lo pessoalmente. Viver de acordo com o terceiro mandamento é reconhecer e confessar que Deus merece a mais alta honra; que ele nos separou ao pôr o seu nome sobre nós; que estaríamos completamente perdidos não fosse o fato de, por causa do seu nome, ele nos guardar e proteger; e que ele nos chama a viver segundo o exemplo de Jesus, glorificando a Deus na terra. Nós somos os portadores do nome de Deus; que a nossa conduta demonstre isso.
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