A Inspiração Divina da Bíblia


Texto Áureo: "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" - II Timóteo 3.16


Leitura Bíblica em Classe: II Timóteo 3.14-17; II Pedro 1.19-21




A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA

 A Bíblia é a revelação de Deus escrita para a humanidade. Disso decorre o fato de ela ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé cristã. Essa inspiração é um fato singular que ocorreu na história da redenção humana. O enfoque da presente lição é sobre a importância e o significado dessa inspiração divina.

  1. Inspiração.
    É o registro dessa revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1Co 2.10-13). Divinamente inspirados são os 66 livros da Bíblia. Os escritores sagrados foram os receptáculos da revelação: “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21 — ARA). Eles receberam os oráculos divinos de forma especial, exclusiva, única e milagrosa. Ninguém mais, além deles, foi usado por Deus dessa maneira específica.

  2. A forma de comunicação.
    O processo de comunicação divina aos profetas do Antigo Testamento se desenvolveu por meio da palavra e da visão, do som e da imagem (Jr 1.11-13). A revelação aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do Senhor Jesus Cristo (Gl 1.11,12; 2Pe 1.16-18; 1Jo 1.3) e do Espírito Santo (Ef 3.4,5). A frase “veio a palavra do SENHOR a”, “veio a mim a palavra do SENHOR” ou fraseologia similar, tão frequente no Antigo Testamento, diz respeito a uma revelação direta, externa e audível. Essa forma de comunicação não aparece no Novo Testamento na comunicação divina aos apóstolos, exceto uma única vez no ministério de João Batista: “veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3.2), pois ele é o último profeta da dispensação da lei (Lc 16.16).

A INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA

  1. A inspiração divina. “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (v.16, ARA). A palavra grega, aqui traduzida por “inspirada por Deus” ou “divinamente inspirada”, é theopneustos. Ela só aparece uma única vez na Bíblia, vinda de duas palavras gregas: theos, “Deus”, e pneo, “respirar, soprar”. Isso significa que o texto sagrado foi “soprado por Deus”. A palavra teopneustia significa “inspiração divina da Bíblia”. Segundo o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de Caudas Aulete, o termo quer dizer “inspiração divina que presidiu à redação das Sagradas Escrituras”. Josefo, o historiador judeu, e Fílon de Alexandria, disseram que as Escrituras são divinamente inspiradas, mas usaram outros termos.

  2. Uma avaliação exegética. Estamos acostumados com duas traduções: “toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa” e “toda Escritura é divina inspirada e proveitosa”. Ambas as versões são permitidas à luz da gramática grega. Mas a primeira é mais precisa, pois a conjunção grega kai, “e”, aparece entre os dois adjetivos “inspirada” e “proveitosa”. Isso significa que o apóstolo está afirmando duas verdades sobre a Escritura, a saber: divinamente inspirada e proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer que “toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa” pode dar margem para alguém interpretar que nem toda Escritura é inspirada.

  3. AutoridadeA autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade aparece em expressões como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio a palavra do SENHOR” (Jr 1.2); “está escrito” (Mc 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pe 1.23-25)

Os profetas e os apóstolos escreveram acerca do que viveram. E mesmo quando lhes foram reveladas coisas que se referiam ao futuro ou sobre a pessoa de Deus, Eles só puderam discernir que provinham dEle, ainda que não entendessem o significado do que lhes foi revelado (Dn 12.8), porque estavam em comunhão com o Senhor e haviam sido preparados por Ele para serem seus instrumentos no registro da Sua vontade. É por isso que as doutrinas da Palavra não nos foram dadas simplesmente para serem objeto do nosso conhecimento, mas para serem experimentadas, isto é, vividas por nós. E é somente experimentando pela fé, que chegamos a conhecer que a Bíblia é a verdade, pois aquilo do que dá testemunho se revela real em nossas próprias vidas. Afinal a meta do estudo das Escrituras não é o mero conhecimento intelectual do próprio texto bíblico, mas conduzir-nos ao conhecimento pessoal de Deus e de Sua vontade. Podemos dizer que a meta a ser atingida a de conhecer ao Senhor por meio da Palavra. Sabendo que o conhecimento que salva, isto é, que justifica, santifica e glorifica não é o conhecimento do que Deus é e nem o conhecimento sobre Deus, senão o conhecimento que é oriundo da comunhão pessoal com Ele, resultante de um encontro direto. Os fariseus examinavam as Escrituras mas não entendiam o seu significado interior, porque não entregaram suas vidas a Jesus. Afinal, este é o propósito central da Bíblia. Por exemplo, a Palavra ensina diretamente e em figura que desde a entrada do pecado no mundo, só podem se achegar a Deus aqueles que se arrependem do pecado e se reconhecem pecadores necessitados da Sua graça (estes são os humildes de espírito e quebrantados de coração que Jesus veio salvar e curar – Is 61.1-3); e que a base que assegura ao pecador tal aproximação e filiação a Deus é a morte e ressurreição de Jesus, por assim dizer, a obra expiatória da Sua morte, e a novidade de vida que nos é outorgada por meio da Sua ressurreição e habitação do Espírito Santo. Mais do que o reconhecimento desta verdade, importa vivê-la, para que se possa além de entender que a Bíblia é a verdade, estabelecer e manter um relacionamento santo e reverente com Deus, pois, através da Palavra, o Espírito ensina-nos o temor devido ao Senhor, para vivermos sobretudo no Seu amor e poder. Foi com tal objetivo primordial em mira que João declarou o propósito com que escreveu o evangelho (Jo 20.30,31). Na verdade este é o propósito com o qual foram escritos todos os livros da Bíblia, ainda que não declarado diretamente como João o fizera. Mesmo a lei de Moisés, foi dada para nos servir de aio para nos conduzir a Cristo. Por isso, a Bíblia é diferente de todos os demais livros do mundo, em razão da sua inspiração divina (II Tim 3.16; II Pe 1.21), e é devido à inspiração divina que ela é chamada de Palavra de Deus (II Tim 3.16). Inspiração divina é portanto a ação sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e a transmitir a mensagem de Deus sem qualquer erro. Todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas, e os escritores não funcionaram como máquinas inconscientes, tendo havido cooperação vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. O apóstolo Pedro afirma que homens santos escreveram a Bíblia com palavras do seu vocabulário, porém sob uma influência tão poderosa do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus As Escrituras testificam de si mesmas quanto à sua inspiração divina. Isto é, há um testemunho interno na Palavra acerca da sua proveniência divina, daí se afirmar que a Bíblia é explicada com a própria Bíblia. A Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois a expressão “Assim diz o Senhor”, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus livros, além de outras expressões equivalentes.


 INSPIRAÇÃO PLENA E VERBAL
  1. Inspiração plenária. Tal expressão significa que todos os livros das Escrituras são inspirados por Deus. O apóstolo Paulo deixa isso muito claro quando afirma que “toda a Escritura é divinamente inspirada”. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos. Todos têm o mesmo grau de inspiração e autoridade. A Bíblia que Jesus e seus apóstolos usavam era formada pela Lei de Moisés, os Profetas e os Escritos; essa terceira parte é encabeçada pelos Salmos (Lc 24.44). O termo “Escritura” ou “Escrituras” que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo Antigo Testamento de nossa Bíblia. Cabe ressaltar que o apóstolo Paulo, ao afirmar que “toda a Escritura é divinamente inspirada”, se referia também aos escritos apostólicos. Os escritos dos apóstolos se revestiam da mesma autoridade dos livros do Antigo Testamento já desde a Era Apostólica. Inclusive, “profetas e apóstolos”, às vezes, aparecem como termos intercambiáveis (2Pe 3.2). O apóstolo Pedro considera ainda as epístolas paulinas como Escrituras (2Pe 3.15,16). O apóstolo Paulo ensinava: “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). O apóstolo aqui coloca lado a lado citações da lei de Moisés (Dt 25.4) e dos Evangelhos (Mt 10.10; Lc 10.7), chamando ambas de “Escritura”. Outras vezes, ele deixa claro que seus escritos são de origem divina (2Co 13.3; 1Ts 2.13). Isso nos permite afirmar que a frase “Toda Escritura é divinamente inspirada” se refere à Bíblia completa, aos 66 livros do Antigo e Novo Testamento.

  2. Inspiração verbal. Essa característica bíblica significa que cada palavra foi inspirada pelo Espírito Santo (1Co 2.13); e também que as ideias vieram de Deus (2Pe 1.21). O tipo de linguagem, o vocabulário, o estilo e a personalidade são diversificados nos textos bíblicos porque Deus usou cada escritor em sua geração e em sua cultura, com seus diversos graus de instrução. Isso mostra que quem produziu esses livros sagrados eram seres humanos que viveram em várias regiões e pertenceram a diversas gerações desde Moisés até o apóstolo João, passaram-se cerca de mil anos. Eles não foram tratados como meras máquinas, mas como instrumentos usados pelo Espírito Santo. Deus “soprou” nos escritores sagrados. Uns produziram som de flauta e outros de trombetas, mas era Deus quem soprava. Assim, eles produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras Sagradas.

ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

  1. "Proveitosa para ensinar". O propósito das Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus, pois elas “podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15). São ensinos espirituais que não se encontram em nenhum lugar do mundo. A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gn 2.1-4; Is 46.10; Lc 21.25-28).

  2. A conduta humana. A Bíblia corrige o erro e é útil para orientar a vida sendo “proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (v.16b). Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia, o “manual do fabricante”.

  3. As traduções da Bíblia. A autoridade e as instruções das Escrituras valem para todas as línguas em que elas forem traduzidas. É vontade de Deus que todos os povos, tribos, línguas e nações conheçam sua Palavra (Mt 28.19; At 1.8). Em que idioma essa mensagem deve ser pregada? Hebraico? Grego? Aramaico? Não! Na língua do povo. Os apóstolos citam diversas traduções gregas da Septuaginta no Novo Testamento. Isso mostra que a mesma inspiração do Antigo Testamento hebraico se manteve na Septuaginta. A citação de Salmos 8.4-6 em Hebreus 2.6-8 é um bom exemplo. A inspiração divina se conserva em outras línguas. Desde os tempos do Antigo Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a cada um de seus servos e suas servas no seu próprio idioma.

Cremos que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade e que seu texto foi preservado e sua inspiração divina é mantida nas 2.935 línguas em que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil). Que cada um possa receber a Bíblia sem restrição alguma, pois ela é a Palavra de Deus em qualquer língua em que vier a ser traduzida.

FONTES DE PESQUISA

https://escoladominical.assembleia.org.br/untitled-4/

https://estudos.gospelmais.com.br/a-inspiracao-divina-das-escrituras.html

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