Lição 05 - Marcos, as Obras do Servo

"E Jesus disse: tendo ouvido isto, disse-lhes: Os são não necessitam de médicos, mas sim os que estão doentes, mas não vim chamar os,justos, mas sim os pecadores" - Marcos 2.17
Texto Bíblico Básico: Marcos 1.29-39

AS OBRAS DO SERVO

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Cada um dos evangelhos apresenta um tema principal, sobre o qual dissertam na extensão de seus escritos. O livro de Mateus, por exemplo, foi escrito para os judeus e por isso apresenta Jesus como Rei. Uma vez que os judeus esperavam que o Cristo (nome grego que significa Ungido), viesse como um governante poderoso, Mateus dedicou-se em provar-lhes que Jesus era verdadeiramente o Rei que esperavam. Por este motivo a a palavra “Reino” aparece mais de cinquenta vezes, sendo que a expressão “Reino dos Céus”, que  só é encontrada neste livro, é encontrada trinta e três vezes. Mateus é o mesmo chamado Levi   (Mt 9.9;Mc 2.14).
Lucas, sendo gentio (nome dado aos que não eram judeus), escreveu sua carta à seu amigo Teófilo, onde através de pesquisas e entrevistas, narra a historia da missão de Cristo na Terra, apresentando-lhe como  “filho do homem”. Como os gentios não tinham tanta proximidade com Deus, certamente entenderiam  a mensagem da redenção, se lhes fosse apresentado, enfatizando o lado humano de Cristo. Afinal Jesus era o homem-Deus, pois fora nascido da carne (de Maria) e do Espírito (do Espírito Santo).
Quanto a Marcos, há quem creia que o seu Evangelho  foi o primeiro a ser escrito, datando de 55-65 dc. Ele  escreveu para os romanos, cujo império oprimia os judeus. Segundo a história, os cristãos eram perseguidos por não reconhecerem o imperador como seu Senhor, dando este título a Jesus. Marcos, então, possuído pela sabedoria divina, escreve aos romanos apresentando Jesus como Servo.
Para entendermos melhor o propósito da escrita de Marcos, ao apresentar Jesus na forma de Servo, façamos um pequeno passeio pela história.
 Na década de 60-70 d.c., os crentes de Roma eram tratados cruelmente e muitos chegaram a ser torturados e mortos pelo imperador Nero. Segundo a tradição, entre os mártires cristão, estavam os apóstolos Pedro e Paulo.
A intenção de Marcos, portanto, era a de fortalecer os alicerces da fé dos crentes romanos e, se necessário, inspirá-los a sofrer fielmente em prol do evangelho, oferecendo-lhes como modelo de vida o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus, que cumpriu toda a vontade de Deus, como um servo obediente.
Por amor a seu Senhor, Ele enfrentou afrontas dos religiosos da época,especialmente os fariseus, que a todo instante tentavam achar alguma falha nele, além de ser mal compreendido até pelos de sua família, que pensavam que ele estava fora de si (Veja Mc 3.20-22). Detalhe: Só Marcos narra este episódio.
As expressões mais usadas por Marcos em seu Evangelho são “logo” e “imediatamente”, expressões estas que indicam ação. Podemos observar alguns exemplos em  Mc 1.10,12,18,20; 2.2.
Um certo pregador fez uma observação importante acerca da chamada de Cristo aos seus primeiros discípulos, dizendo:
“Todos os que Jesus chamou teve que deixar alguma coisa que eram importantes para eles, a fim de seguirem a Jesus. Pedro e João, dois irmãos que eram pescadores, precisaram deixar suas redes, que eram suas única fonte.Pedro, era casado (Mc 29,30), e com certeza teve de se decidir entre suas responsabilidades de chefe de família ou seguir ao Senhor”.
O que Jesus exigia dos seus servos foi exatamente o que ele mesmo se deu por exemplo. O apóstolo Paulo diz que “Ele aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo”. (Fp 2.4-8)
“Aniquilar-se a si mesmo e tomar a forma de servo”, é o que Cristo nos ensina através do Evangelho Segundo S. Marcos.
Mateus narrou em seu livro (16.24), as palavras de Jesus, em que dizia:
“Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Negar-se a si mesmo é abrir mão de tudo o que  somos, e passar a ser o que Jesus quer. É abri mão dos nossos prazeres que ofendem sua santidade e passar a ter prazer na sua palavra, tal como o salmista Davi:
“A tua lei é o meu prazer”.( Sl 119. 77b)
Pedro é um dos grandes exemplos de cristão  que ainda não  aprendeu a  sujeitar-se a Cristo. Embora amasse a Cristo, na hora difícil, negou que o conhecia dizendo aos seus acusadores: “Eu não conheço este homem”. Porém, se ele tivesse dito estas mesmas palavras sobre si mesmo, então, ele teria compreendido o que Jesus tanto ensinara: “Negar-se a si mesmo”.
“Negar-se a si mesmo”, é fazer como o apóstolo Paulo: matar o velho homem e viver para Deus. (Gl 2.19)
Jesus, como servo, realmente servia. Marcos conta-nos (9. 33-37)que certa feita Jesus fora descansar com seus discípulos num lugar reservado e a multidão o seguiu. Como estavam num lugar deserto e a hora já era avançada, não tinha nada para servi-los nem lugar onde comprar. No entanto, ele cobrou dos seus discípulos que não dispensassem o povo com fome, pois ele era consciente de que, apesar deles terem uma alma para ser alimentada, também possuíam um  estômago.
Tiago aprendeu com tanta eficiência esta lição, que em seu livro encontra-se o registro de sua exortação,na qual dizia a Igreja de seu tempo:
“Meus irmãos, que adianta se alguém disser que tem fé, mas não tiver as obras? E se o irmão , ou a irmã estiverem nus tiverem falta do alimento cotidiano, e algum de vós lhe disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá disso? Assim também a fé sem as obras é morta”.(Tg 2.14-17)
Marcos narra também, um episódio no qual os discípulos de Cristo vinham discutindo pelo caminho acerca de quem seria o maior,  que Jesus ensinou-lhes a seguinte lição:
“Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos” (Mc 9. 23-35)
Para fazer-se exemplo, o próprio Jesus lavou os pés dos discípulos, embora Pedro tentasse impedi-lo por achar que não era correto o Senhor servir aos servos. Ao que Cristo revidou:
“Se eu não te lavar os pés , não tens parte comigo”Ao que Pedro respondeu-lhe:“Não, Senhor, não lave-me somente os pés, mas todo”. (Jo 13.4-9)
Esta é lição que Marcos nos passa em seu livro: Quem não aprendeu a servir ao próximo, não compreendeu ainda o que Cristo disse:
“Eu não vim para ser servido, mas para servir”. (Mc 10.45)
Em outra ocasião, os discípulos repreenderam as crianças que se alvoroçavam em torno de Jesus, e apesar de  terem trazido-as  apenas para que Jesus as tocasse,  Ele fez mais que isto; pegou cada uma e as colocou no colo (Mc 10.13-16). Afinal o próprio Cristo havia feito a seguinte promessa:
“Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6. 37)
Será que esta tem sido a nossa atitude, como seguidores do Servo Perfeito?
Marcos ainda relata que mesmo depois de Cristo voltar para o céu, continuava cooperando com eles (Mc 16. 19,20)
Finalmente, por não me ser possível citar tantos outros exemplos de seu serviço, encerro esta meditação sobre o “Evangelho do Servo” com as palavras animadoras do Mestre, a tantos cristão que procuram servi-lo com a mesma intensidade que Ele serviu ao Pai:
“Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt 28.20 b)

JESUS COMO SERVO DE DEUS

“O próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida” (10.45). A fase do caráter de Cristo, enfatizada no Evangelho de Marcos, é a mesma declarada em Fp 2.6-8: “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesma se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz”. Cristo, o incansável servo de Deus e do homem.A vida de Jesus é descrita como sendo cheia de boas obras.
      • Seu tempo de oração era interrompido (1.35-37)
      • Algumas vezes não tinha tempo nem para comer (3.20)
      • Pelo fato de atender a contínuos chamados para o serviço, muitos diziam que ele estava fora de si (3.21)
      • As pessoas o buscavam quando ele queria descansar (6.31-34)
      • A palavra característica é “imediatamente” expressão adequada para um servo.
      • Não há genealogia, pois, quem cuidaria de apresentar a genealogia de um servo?
      • Marcos destaca mais as ações do que as palavras.

      • Jesus como Deus: Fato de maior relevância: Marcos inicia sua obra declarando que esse humilde e obediente Servo do Senhor é igualmente o “Deus forte”. Vede Is 9.6. Lede o primeiro versículo do livro de Marcos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”.
Ênfase – Abordagem peculiar de Marcos. No Livro de Marcos, O Evangelho do Servo do Grande Deus, enfatizam-se os atos de Cristo, não as Suas palavras. Enquanto Mateus relata os grandes discursos de Jesus, Marcos conta da lida incansável do Servo de Jeová. A ênfase especial de Marcos é sobre o poder sobre-humano de Jesus, a demonstrar Sua deidade por Seus milagres. Omite o Sermão do Monte e a maioria dos longos sermões de Cristo.
  • Marcos escreveu para leitores gentios em geral e leitores romanos em particular. Por esta razão a genealogia de Cristo não é incluída (quase não teria significado para gentios), o Sermão do Monte não é mencionado e a condenação dos partidos judaicos recebe pouca atenção.
  • Como indicação adicional de que visava leitores gentios, Marcos achou necessário interpretar palavras aramaicas (5.41; 7.34; 15.22).
  • Há apenas63 citações e/ou alusões ao Antigo Testamento em Marcos, comparadas com cerca de 128 em Mateus e entre 90 e 100 em Lucas.
  • Este Evangelho enfatiza o que Jesus fez, em lugar do que Ele disse.
  • É um Livro de Ação. (A palavra “imediatamente” ocorre mais de 40 vezes)

O Cânon de Marcos: É de aceitação geral que Marcos recebeu do apóstolo Pedro boa parte das informações contidas no Evangelho. Com a autoridade apostólica de Pedro subjazendo este Evangelho, ele jamais sofreu qualquer contestação à sua inclusão no cânon das Escrituras.
 Síntese do Evangelho de Marcos. Autor, João Marcos. É um registro pitoresco e breve que ressalta o poder sobrenatural de Cristo sobre a natureza, as enfermidades e os demônios. Todo esse poder divino foi exercido em benefício do homem. Como o Evangelho de João, Marcos também começa com uma declaração da divindade de Jesus Cristo, sem, contudo se estender nesta doutrina. Um cuidadoso estudo do livro revela, sem dúvida, que o objetivo do autor é o de ressaltar as obras maravilhosas de Jesus, em vez de fazer afirmações freqüentes que testifiquem da sua deidade. A Finalidade Didática dos Milagres relatos no Evangelho de Marcos – Os dezenove milagres registrados em seu curto livro demonstram o poder sobrenatural do Senhor.
  • Oito deles provam seu poder sobre as enfermidades (1.31, 41; 2.3-12; 3.1-5; 7.32; 8.23; 10.46)
  • Cinco demonstram seu poder sobre a natureza (4.39; 6.41, 49; 8.8,9; 11.13,14)
  • Quatro demonstram sua autoridade sobre os demônios (1.25; 5.1-13; 7.25-30; 9.26)
  • Dois demonstram sua vitória sobre a morte (5.42;16.9)

 Particularidades do Evangelho de Marcos.O segundo livro em ordem do Novo Testamento, e o mais resumido e simples dos quatro Evangelhos.O estilo é vívido e pitoresco. Grande parte do tema está também em Mateus e Lucas, mas não se trata de simples repetição, pois Marcos contém muitos detalhes que não se aparecem nos quatro Evangelhos. Muitos toques pessoais se encontram neste evangelho, como “vivia entre as feras” (1.13), “aos quais deu o nome de Boanerges” (3.17); Jesus “indignou-se” (10.14); “e eles se maravilhavam” (10.32); “a grande multidão o ouvia com prazer” (12.37) Embora ressalte o poder divino de Cristo, o autor alude com freqüência aos sentimentos humanos de Jesus:
Sua decepção (3.5)
Seu cansaço (4.38)
Seu assombro (6.6)
Seus gemidos (7.34; 8.12)
Seu afeto (10.21)
Antiga tradição afirma que Marcos foi companheiro de Pedro, razão por que este Evangelho é chamado de “O Evangelho de Pedro” por alguns escritores antigos. É geralmente aceito que Pedro tenha proporcionado ou sugerido grande parte do material encontrado no livro. João Marcos foi amigo íntimo (e talvez um convertido) do apóstolo Pedro (1 Pe 5.13) Teve o raro privilégio de acompanhar Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária, mas falhou em não permanecer até ao fim. Por isso, Paulo recusou-se a levá-lo na segunda viagem missionária, de modo que Marcos acompanhou Barnabé a Chipre (At 15.38-40). Cerca de doze anos depois, está novamente com Paulo (Cl 4.10; Fm 24) que, pouco antes de ser executado, manda chamar João marcos (2 Tm 4.11) Sua biografia prova que um fracasso na vida não representa o fim da utilidade.
 A Cristologia em Marcos – Uma Descrição de Jesus. O operador de milagres e servo incansável de Deus e do homem. Demonstra sua divindade e compaixão em suas obras poderosas de misericórdia e ajuda. “Como se fazem tais maravilhas por suas mãos”
A Mensagem de Marcos. A apresentação de Jesus sem Marcos: Jesus Cristo se nos apresenta no Evangelho de Marcos como o Servo humilde, fazendo a vontade do Pai. As primeiras palavras ensinam-nos que as qualidades de servo e filho são inseparáveis. Não é mediante o serviço que nos tornamos filhos, mas pela adoção de filhos que chagamos a ser servos (Ml 3.17; Mt 21.28; Mc 1.1). 
Uma Comparação entre Mateus e Marcos: Uma revista do conteúdo deste Evangelho mostra que todo o seu pensamento difere do de Mateus. Ali se estabelece o trono; e o Rei, sentado sobre ele; pronunciou-se seus decretos e dominou seus súditos; aqui se vê o Servo ungido andando entre os homens, passando de um lugar a outro, descansando, mas incansável, cumprindo seu ministério.
O Estilo de Marcos. A narrativa de Marcos é rápida, enérgica, realista, pitoresca, dramática e caracterizada por transições repentina.
As Omissões em Marcos. As omissões são muitas e significativas, visando salientar Jesus como o Servo.
  • Em Marcos o título “Senhor” nunca é empregado pelos discípulos, e ocorre apenas 17 vezes neste Evangelho, comparado com 72 vezes em Mateus, 101 em Lucas e 108 em João.
  • Não há nenhuma referência à preexistência de Cristo, como em João.
  • Nenhuma genealogia, nem nascimento milagroso,
  • Nenhuma adoração dos magos.
  • Nenhum sermão da montanha.
  • Nenhuma denúncia da nação ou juízo das nações;
  • Nenhuma sentença contra Jerusalém (Estes e outros pontos semelhantes não teriam cabimento na descrição do Servo humilde, e por isso omitem-se)

  • Os retiros de Jesus em Marcos. Em Marcos chama-se especial atenção aos retiros de Jesus.
  • Ele retirou-se a um lugar solitário, depois das primeiras curas (1.35)
  • A lugares desertos, depois da purificação do leproso (1.45)
  • Ao lago, depois de ter curado o homem que tinha a mão ressecada (3.7)
  • Às aldeias, depois da sua rejeição em Nazaré (6.6)
  • A um lugar deserto, depois do assassínio de João Batista (6.30-32)
  • Aos arredores de Tiro e Sidom, depois da oposição dos fariseus (7.24)
  • Às vizinhanças de Cesaréia de Filipos, depois da cura de um cego (8.27)
  • Ao monte Hermom, após a primeira declaração aberta da sua paixão (9.2).
  • A Betânia, depois da entrada triunfal (11.11)
  • E outra vez depois da purificação do templo (11.19)
  • E ainda mais uma vez após o discurso sobre as coisas do fim (14.3).
  • O parágrafo adicional sobre a ascensão é como que a história da sua última retirada (16.19).
Mas junto a esta lição, aprendemos outra, talvez mais difícil de entender, que devemos estar à disposição dos outros, e que nossos próprios retiros precisam ficar sujeitos às necessidades dos homens. Na vida do verdadeiro Servo isto é muito evidente – Scrogg
  • Marcos e Pedro. “Não sabemos se Marcos viu ou ouviu, pessoalmente, alguma vez o Senhor, embora alguns têm pensado que ele se descreve a si mesmo no capítulo 14.51,52. Ele parece ter relatado primeiramente o que ouviu Pedro. Justiniano Mártir (100-165 A.D) cita o seu evangelho sob o título ‘Recordações de Pedro’ e Irineu (130-202 A.D) diz que ele era discípulo e Intérprete de Pedro, e escreveu o que este pregara”

FONTES DE PESQUISA

http://wilsonalves.comunidades.net/marcos-o-evangelho-do-servo
http://leilacast.blogspot.com/2013/02/marcos-o-evangelho-do-servo_10.html

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